Graças a preços competitivos, avanços tecnológicos e excelente suporte financeiro e fiscal, a energia solar está no seu ponto mais atraente. A hora de fazer a transição da energia convencional para a energia limpa é agora. Eis o porquê.

 SOLAR: O PRINCIPAL RECURSO DE ENERGIA DOS EUA

Em apenas 18 dias de sol na Terra há a mesma quantidade de energia que existe em todas as reservas de carvão, petróleo e gás natural do planeta – e os EUA são abençoados com um potencial de energia fotovoltaica excepcionalmente alto em comparação a outras nações do hemisfério norte.

Embora os estados ensolarados do sudoeste como Califórnia, Arizona e Nevada tenham o maior potencial de geração de energia solar, a produção pode ser aumentada com mecanismos especializados de rastreamento que permitem que os painéis acompanhem o sol e coletem a luz em um ângulo ideal, o que significa que um sistema instalado tão ao norte, como Portland ou Maine, pode gerar 85% do que seria gerado em Los Angeles.

Em média em todo o país, um metro quadrado coleta aproximadamente o equivalente em energia solar de quase um barril de petróleo por ano. Aproveitando apenas uma pequena proporção disto – cerca de 0,6% da área total do país – poderíamos abastecer o país inteiro com eletricidade atrativa do ponto de vista ambiental e econômico.

 OS CUSTOS DA ENERGIA SOLAR NUNCA ESTIVERAM TÃO BAIXOS

Ao contrário do petróleo, onde observamos os custos de extração aumentarem à medida que se intensifica a exploração dos campos e grande parte do potencial vai se esgotando, o custo da produção de energia solar tornou-se cada vez mais competitivo. Desde 2010, o custo para instalar energia solar fotovoltaica (FV) em escala de serviço público caiu 82%, o que significa que agora o custo para construir uma nova usina solar FV é menor que o custo para manter muitas das usinas elétricas a carvão em operação.

Isso também se traduz em preços de eletricidade mais baixos: uma pesquisa do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) mostra que a indústria solar atingiu a meta de custo da energia solar em escala de serviço público para 2020, três anos antes, em 2017, tornando-se competitiva em relação à eletricidade gerada convencionalmente, mesmo sem subsídios.

OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS SIGNIFICAM MAIS POR MENOS

Como a energia solar se tornou mais popular, agora há mais especialistas em instalação, mais produtores de componentes e consumidores, bem como custos de material mais baratos, o que significa economia de escala. Além disso, truques inteligentes de engenharia aumentaram a eficiência das usinas solares para próximo de seu máximo teórico. Os painéis bifaciais, que captam os raios solares de ambos os lados, bem como os componentes eletrônicos, que permitem ao painel rastrear o sol à medida que ele se move pelo céu durante o dia, significa que agora é possível capturar quase toda a luz solar disponível.

OS PREÇOS DO PPA SOLAR ESTÃO NO SEU MAIS BAIXO NÍVEL…

Outro fator que tornou a energia solar tão atraente quanto ela está hoje, é o acesso a opções de financiamento e modelos de negócios que a tornam ainda mais acessível. O mais empolgante deles são os contratos de compra de energia (PPA), que são contratos de longo prazo através dos quais uma empresa concorda em comprar eletricidade diretamente de um gerador de energia.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), os preços da energia solar fotovoltaica com base em aquisições competitivas poderiam custar em média US$ 0,039/kWh para projetos comissionados em 2021, uma queda de 42% em relação a 2019 e mais de um quinto a menos do que as usinas a carvão.

Nos EUA, os preços dos PPAs estão agora nos seus níveis mais baixos, mas à medida que a demanda começar a superar a oferta, as empresas que agirem rapidamente farão economias à frente de seus concorrentes.

… E AS PRINCIPAIS MARCAS DOS EUA ESTÃO ENTRANDO EM AÇÃO

Como resultado desses preços historicamente baixos, as compras corporativas de energia solar aumentaram nos EUA, que é agora o líder mundial em PPAs corporativos para energia solar, representando mais de 60% do mercado global. Hoje, 220 empresas que operam nos Estados Unidos já estão adquirindo energias renováveis ou planejam fazê-lo.

Embora no passado empresas de tecnologia como Google e Apple tenham liderado a aquisição de energia solar nos EUA, entrar em PPAs não é mais exclusividade de empresas com grandes operações de centros de dados. Hoje, estamos vendo fabricantes, varejistas e até mesmo grandes empresas de petróleo e gás entrando em ação.

Não é apenas a redução de custos que as principais corporações da América estão procurando. Como acionistas e investidores estabelecem metas de descarbonização, demonstrar liderança no desenvolvimento de energia limpa se tornou central para a estratégia corporativa, e investir em grandes instalações fora de seu local através de PPAs, tornou-se uma forma fundamental de demonstrar as credenciais verdes de uma empresa.

AS ENERGIAS RENOVÁVEIS SÃO A SAÍDA PARA A CRISE CLIMÁTICA…

Os sistemas de energia renovável não produzem poluentes atmosféricos ou emissões de gases de efeito estufa, razão pela qual a Associação Americana de Pulmão defende a substituição dos combustíveis fósseis por energias renováveis para abastecer o país. Por exemplo, a eletricidade gerada em instalações solares comerciais no local e fora do local das empresas, só nos EUA, compensa mais de 8,9 milhões de toneladas métricas de emissões de CO2 anualmente, o equivalente a tirar 1,9 milhão de carros das estradas ou plantar 147 milhões de árvores.

E os americanos querem ver mais disso: após inúmeros incêndios florestais, furacões e ondas de calor em 2020 que, segundo os cientistas, são causados diretamente pelas mudanças climáticas, a maioria dos americanos de todos os grupos demográficos diz que são a favor da ação ousada para combater o aquecimento global delineada pelo Presidente Biden, que inclui a transição para energia 100% limpa até 2035.

 … E OS ATIVOS SOLARES TÊM UM BOM DESEMPENHO EM UMA CRISE

Recentemente, vimos como uma enorme e histórica tempestade de inverno afetou a rede elétrica independente do Texas. Dados do Conselho de Confiabilidade Elétrica do Texas (ERCOT) mostram que os apagões foram causados principalmente por uma grande queda na geração térmica, pois as pilhas de carvão congelaram e os reatores nucleares foram desligados. A energia solar, por sua vez, produziu 1.000 MW a mais do que o esperado pelo operador da rede – mesmo sob céus nublados devido às tempestades.

Graças à nova tecnologia, a energia solar também pode ajudar a religar a rede se ela cair. No passado, após um apagão, os operadores da rede eram forçados a ligar primeiro uma fonte de energia convencional, como uma usina de carvão ou gás natural, a fim de definir o ritmo da rede, antes de poderem adicionar outras fontes de energia, como a solar. Novos controles de “formação de rede” em inversores solares, que estão sendo financiados pelo Departamento de Tecnologias de Energia Solar dos EUA (SETO), permitem que inversores solares formem níveis de tensão e frequência como os geradores tradicionais, o que significa confiabilidade e estabilidade, mesmo em uma rede com 100% de energia renovável.

A ESTRUTURA REGULATÓRIA DOS EUA FAVORECE A ENERGIA SOLAR…

Nos EUA, o Crédito Fiscal de Investimento (ITC) permite um crédito fiscal de 26% em sistemas solares. Este importante mecanismo de política federal apoia e incentiva o crescimento da energia solar no país – na verdade, segundo a Associação das Indústrias de Energia Solar, desde que o ITC foi promulgado em 2006, a indústria solar dos EUA cresceu mais de 10.000%.

Mas todas as coisas boas chegam ao fim, e o ITC solar está programado para começar a diminuir gradualmente após 2023, o que significa que os projetos que começam a ser construídos nos próximos dois anos alcançarão uma redução de dólar por dólar melhor do que aqueles programados para começar até 2023 – outra razão para as empresas entrarem na energia solar agora e conseguirem mais economia.

O INTERESSE PELA ENERGIA SOLAR CONTINUA ELEVADO, APESAR DA COVID-19…

Apesar das exigências de implantação no local e de restrições de movimento, a maioria das construções de usinas solares em escala de serviço público foram consideradas essenciais. Como resultado, segundo o SEIA, grandes corporações nos Estados Unidos relataram poucos atrasos em seus projetos e, além disso, não esperam nenhuma mudança em seus objetivos ou cronogramas de energia renovável.

Por sua própria natureza, os locais de projetos de energia renovável se prestam bem ao distanciamento social: até mesmo o menor dos nossos parques solares é medido em centenas de hectares, e na Atlas, nós definimos padrões líderes do setor para manter as pessoas protegidas do Covid-19, garantindo a sustentabilidade de nossos projetos por muitos anos – não importa o que esteja no horizonte.

…E A ENERGIA SOLAR CRIA EMPREGOS MUITO NECESSÁRIOS PARA ALAVANCAR A RECUPERAÇÃO ECONÔMICA

A geração de energia renovável terá um papel transformador na economia pós Covid-19. Como a economia dos EUA parece se recuperar da pandemia, colocar os americanos de volta no mercado de trabalho é uma grande prioridade. No período de cinco anos, entre 2014 e 2019, o emprego em energia solar aumentou 44% nos EUA, cinco vezes mais rápido do que o crescimento do emprego na totalidade da economia dos EUA. O emprego em energia solar também inclui todos os americanos: as mulheres representam 26% da força de trabalho nesse setor, enquanto as pessoas provenientes das minorias da população representam 34%. Além disso, quase um em cada 10 trabalhadores do setor de energia solar são veteranos militares, segundo o último Censo Nacional de Empregos na Energia Solar.

Atualmente, a indústria solar nos EUA fornece empregos bem remunerados para 250.000 americanos e, à medida que o setor se expande graças à rápida diminuição do custo das tecnologias e do aumento de sua popularidade, este número só vai aumentar.

A HORA DE FAZER A TRANSIÇÃO É AGORA

A energia solar não é mais uma fonte de energia cara e futurística. Hoje, a energia solar é mais acessível, melhor e mais confiável do que os combustíveis fósseis tradicionais. A mudança para a energia solar pode criar empregos muito necessários, ajudar a limpar o ar da América e permitir que as empresas atendam às metas de lucratividade, ambientais e de desempenho.A hora de fazer a transição para a energia solar é agora. Na Atlas Renewable Energy, desenvolvemos, construímos e operamos projetos de energia renovável em larga escala como um parceiro confiável para grandes consumidores de energia em vários mercados. Entre em contato conosco para saber mais sobre como sua empresa pode aproveitar tudo que a energia solar tem a oferecer hoje.

A cúpula de dois dias sobre o clima, realizada online pelo presidente americano Joe Biden, nos dias 22 e 23 de abril, viu 40 líderes globais assumirem uma série de compromissos com o objetivo de aumentar a cooperação a fim de combater as mudanças climáticas e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Ao longo de oito sessões, chefes de estado e de governo, bem como líderes e representantes de organizações internacionais, governos subnacionais e comunidades indígenas, falaram da necessidade de uma colaboração global sem precedentes e da ambição para atender o momento.

Embora a cúpula tenha visto os tomadores de decisões políticas discutirem sobre o futuro da ação climática, existem também oportunidades importantes para empresas e investidores.

Principais emissores aumentam a aposta na neutralidade de carbono

Reconhecendo que o status quo não é mais viável, os líderes presentes na cúpula do clima prometeram tomar medidas climáticas mais ousadas. Os EUA apresentaram sua nova Contribuição Determinada Nacionalmente (NDC), com a meta de atingir uma redução de 50 a 52% em relação aos níveis de 2005 nas emissões de gases de efeito estufa em toda a economia até 2030.

A China indicou que fortalecerá o controle de gases de efeito estufa CO₂, controlará rigorosamente os projetos de geração de energia a carvão e reduzirá gradativamente o consumo de carvão. A União Europeia está colocando em lei uma meta de redução das emissões líquidas de gases de efeito estufa em pelo menos 55% até 2030 e uma meta líquida de zero até 2050. O Brasil se comprometeu a atingir o zero líquido até 2050, bem como acabar com o desmatamento ilegal até 2030. Aos compromissos desses países, juntaram-se promessas da Índia, Japão, Canadá, África do Sul e Argentina, entre outros.

 Esses compromissos sem precedentes indicam que a pressão sobre as corporações deve aumentar para que levem a sério a redução de emissões. Para se manter à frente do jogo, os grandes usuários de energia, desde fabricantes de produtos químicos, até produtores têxteis e empresas industriais, precisarão fazer uma mudança decisiva para enfrentar os principais elementos de emissões de CO₂ em seus negócios – ou correrão o risco de ficar para trás.

Uma oportunidade de investimento

Durante uma sessão especial com o enviado americano sobre assuntos climáticos, John Kerry, líderes de governos, organizações internacionais e instituições financeiras multilaterais e privadas, observaram a necessidade de alavancar grandes somas de capital privado para projetos sustentáveis.

Planos, como o plano de investimento em energia limpa de US$ 2 trilhões do governo Biden, visando atingir 100% de eletricidade limpa até 2035, e o Green Deal da União Europeia, que inclui US$ 572 bilhões destinados a projetos verdes, entre eles geração de energia renovável, foram reforçados durante as negociações, o que dará um impulso aos investidores, que estão cada vez mais sendo atraídos por vultosos gastos do governo e por incentivos fiscais para projetos verdes.

No setor de energia renovável, em particular, já estamos vendo um aumento de investidores entrando no setor, e isso não é apenas resultado de iniciativas do setor público. Na verdade, estamos ouvindo que a estabilidade das energias renováveis é uma das principais razões que motivam a decisão de investir. Os produtores de energia tradicionais raramente firmam contratos de preços que abrangem décadas. Os produtores de energias renováveis, por outro lado, podem fazer isso graças à inesgotabilidade de suas fontes de energia.

Acabou o tempo para os combustíveis fósseis

A transição para ficar longe dos combustíveis fósseis foi um dos principais focos da cúpula. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, descreveu centenas de startups trabalhando para melhorar o armazenamento em baterias, cruciais para a energia solar, eólica e outras energias renováveis. A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, renovou o compromisso do país de acabar com a exploração de petróleo e gás no Mar do Norte. Outros falaram em eliminar gradualmente os subsídios aos combustíveis fósseis, que têm mantido fontes de energia poluidoras artificialmente baratas há algum tempo. Por outro lado, em seu discurso de encerramento, o presidente Biden exortou os líderes mundiais a aumentarem seus investimentos em energia limpa.

Tomadas em conjunto, há indicações claras de que a atual divergência de preços entre as energias renováveis e os combustíveis fósseis – na qual as energias renováveis se tornam mais acessíveis e os preços dos combustíveis fósseis se tornam comparativamente mais elevados – parece que deve continuar. Para garantir a estabilidade dos preços da energia, já estamos vendo várias empresas em todo o mundo começando a analisar mais a fundo suas estratégias energéticas e as possibilidades disponibilizadas através de estruturas financeiras inovadoras, como os acordos corporativos de compra de energia (PPAs).

Novas oportunidades de negócios para infraestrutura de energia e transporte com baixo teor de carbono

Lançada durante o evento, a Parceria Global para Infraestrutura Climática Inteligente da Agência de Comércio e Desenvolvimento dos EUA (USTDA) terá como objetivo impulsionar a adoção de tecnologias transformadoras, que reduzam as emissões de gases de efeito estufa e apoiem a resiliência às mudanças climáticas em todo o mundo.

Na prática, isso irá significar investimento público e privado em projetos como o armazenamento de energia e em projetos solares e eólicos com escala de serviço público, bem como tecnologias de transporte com eficiência energética que reduzam o uso de água e energia.

Desde o lançamento, já foram concedidas subvenções a projetos e fornecedores na Tailândia, Camarões, Brasil e Índia, e a USTDA lançou uma página da Parceria Global Climática para conectar as empresas com as informações mais recentes sobre as oportunidades de negócios associadas a esta iniciativa, bem como a pedidos de propostas.

Para as empresas, as atividades climáticas inteligentes e os lucros agora andam de mãos dadas. Mas para as empresas que não estão diretamente envolvidas nos setores visados pela USTDA, ainda há maneiras de aproveitar os benefícios.

Veja o desenvolvimento de energia renovável, por exemplo. Através da estrutura do acordo de compra de energia (PPA), os consumidores corporativos de energia podem aproveitar melhores decisões estratégicas de fornecimento de energia. Acreditamos que os acordos bilaterais de compra de energia voltados para as energias renováveis, são uma ferramenta vital na construção de negócios resilientes e inteligentes do ponto de vista climático, e várias empresas internacionais tem sido pioneiras neste aspecto – da Anglo American a empresas multinacionais com a Dow.

Os líderes enfatizam a necessidade da ajuda do setor privado

Embora a cúpula tenha se concentrado em metas a nível nacional, os participantes enfatizaram a necessidade de envolvimento da comunidade empresarial.

Felizmente, o setor privado já demonstrou que está pronto e disposto a agir. Antes da cúpula, 408 empresas e investidores, desde PMEs a grandes multinacionais, assinaram uma carta aberta indicando seu apoio a “uma meta altamente ambiciosa de redução de emissões para 2030, ou Contribuição Nacionalmente Determinada (CND) nos termos do Acordo de Paris, em busca de atingir emissões líquidas zero até 2050”.

A comunidade global ainda tem muito trabalho pela frente e espera-se que todos os países se comprometam com mais ações climáticas na conferência COP26, que será realizada em Glasgow em novembro deste ano. No entanto, na Atlas, acreditamos que as empresas podem começar a aproveitar o impulso da cúpula climática de Biden agora para impulsionar suas próprias estratégias de longo prazo e definir uma trajetória para chegar a emissões líquidas zero.

Como Angela Merkel, chanceler da Alemanha, disse na cúpula: “Esta é uma tarefa hercúlea, porque é nada menos que uma transformação completa na forma como fazemos negócios”.

No Dia Internacional da Mulher e todos os dias, a Atlas Renewable Energy coloca a diversidade e a inclusão na linha de frente.

Na Atlas Renewable Energy, queremos liderar o nosso setor em termos de equilíbrio, diversidade e inclusão de gênero (D&I). Estamos trabalhando para desafiar estereótipos, combater preconceitos, ampliar percepções e mudar atitudes – em nosso setor, em nossos escritórios e nas comunidades onde operamos. Entendemos que, para fazer a diferença, precisamos ir além da conscientização e abordar as questões de uma perspectiva mais tangível. Embora ainda haja muito a fazer, apresentamos aqui algumas das iniciativas que temos desenvolvido para contribuir para a igualdade de oportunidades.

CRIANDO MUDANÇAS A PARTIR DE DENTRO

Quando começamos, no início de 2017, soubemos imediatamente que tínhamos desequilíbrios importantes em relação a gênero, com um pequeno percentual de mulheres e ainda menos representatividade nos níveis técnicos, gerencial e de tomada de decisões. E o problema não era só nosso: no setor de energia renovável como um todo, as mulheres representam apenas uma pequena porcentagem da força de trabalho. De acordo com um estudo realizado pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) em 2019, as mulheres representavam apenas 32% dos funcionários em tempo integral da força de trabalho da energia renovável em todo o mundo.

Acreditamos que o fato de operarmos em uma indústria dominada por homens não é desculpa. Então, começamos a criar uma cultura interna que abrangesse a inclusão e a diversidade desde o início, e começamos a buscar maneiras de transformar nossa empresa, em uma empresa que pudesse ser caracterizada pela igualdade.

Nosso primeiro passo foi tornar nosso processo de recrutamento mais inclusivo. Insistimos que deveria haver pelo menos uma candidata em cada lista de recrutamento e que o conjunto geral de candidatos deveria ser o mais diversificado possível. Para evitar qualquer tipo de viés na contratação, pedimos aos nossos recrutadores que nos apresentassem currículos ocultos, que mascaram não apenas o gênero dos candidatos, mas também sua idade, etnia e localização.

Funcionários da empresa Atlas Renewable Energy no escritório de Santiago, Chile.

Nossos esforços foram recompensados: hoje, o número total de funcionários da nossa corporação é composto por 40% de mulheres, contra apenas 11% há quatro anos.

QUEBRANDO BARREIRAS ESTRUTURAIS

Trazer mais mulheres para a empresa não seria suficiente. Para sermos verdadeiramente sensíveis às questões de gênero, implementamos uma série de medidas para criar uma cultura corporativa baseada na igualdade de oportunidades, na não discriminação e no respeito pela diversidade.

Isso inclui nosso treinamento sobre preconceitos inconscientes e o programa de imersão em D&I, que é fornecido a todos os membros da equipe e se concentra não apenas nas diferenças de gênero, como também busca desafiar formas preconceituosas de pensamento que possam influenciar de forma injusta nas decisões.

Analisamos também as barreiras estruturais que impedem uma maior participação feminina na força de trabalho. A ligação entre as responsabilidades familiares e a diminuição da participação feminina na força de trabalho foi bem documentada e, como foi comprovado que os direitos à licença maternidade com proteção do emprego mantêm as mulheres no trabalho, examinamos as melhores práticas internacionais e implementamos uma licença maternidade de seis meses com salário integral. Esta iniciativa foi implementada em todos os países nos quais a Atlas está presente, onde, em muitos casos vai além do que a regulamentação local exigiria.

Para evitar o preconceito contra a contratação de mulheres, também estendemos um mês de licença paternidade aos homens – em comparação com a licença paternidade mínima remunerada de cinco a oito dias em muitos dos mercados em que operamos.

Além disso, para garantir que levamos em consideração todos os tipos de famílias, também implementamos a licença-adoção para nossos funcionários.

Outra barreira estrutural está relacionada ao cuidado infantil. Não acreditamos que mulheres ou homens devam ter que escolher entre cuidar de seus filhos ou priorizar suas carreiras, por isso implementamos um subsídio mensal de creche para crianças de até três anos, permitindo que os membros da equipe retornem à força de trabalho após ter ou adotar uma criança.

Ao construirmos políticas de diversidade e inclusão, acreditamos ser vital que elas sejam consistentes em todos os aspectos. Portanto, não importa se nossos funcionários estão sediados no Chile, México, Brasil ou nos EUA, nossa estrutura permanece a mesma para garantir que nosso compromisso com a igualdade seja claro em todos os lugares.

AS MULHERES NÃO PODEM SER O QUE NÃO PODEM VER

A próxima parte da nossa jornada é permitir que as funcionárias da Atlas avancem em seu crescimento profissional e pessoal. Para viabilizar isso, implementamos um programa de talentos e mentoria para apoiar seu crescimento pessoal e profissional, garantindo a criação de um forte canal de mulheres líderes para o futuro.

INDO ALÉM DE NOSSOS ESCRITÓRIOS PARA TER UM IMPACTO POSITIVO NAS COMUNIDADES LOCAIS
Participantes do programa de trabalho feminino “Somos todos parte da mesma energia” em María Elena, Região de Antofagasta, Chile.

Devido à nossa pegada geográfica e ao impacto que podemos causar nas comunidades onde operamos, estamos em uma posição forte para mobilizar nossos próprios empreiteiros e trabalhar com as comunidades locais a fim de promover valores semelhantes na representação feminina, e assim embarcamos em uma jornada de diversidade e inclusão através de um ambicioso programa de mão-de-obra feminina, em parceria com instituições e governos locais.

Sob o nome “Somos todos parte da mesma energia”, o programa visa melhorar o acesso das mulheres locais às oportunidades de emprego e empreendedorismo, alavancando o potencial de desenvolvimento econômico das áreas em que estamos construindo projetos de energia renovável, a fim de criar empregos.

Até agora, estamos no caminho certo para aumentar a qualificação de pelo menos 700 mulheres das comunidades próximas para atuar em nossos ativos atualmente em construção no México, Chile e Brasil. Usando estudos de mercado, identificamos lacunas de habilidades e oportunidades de trabalho e, em seguida, projetamos nosso treinamento para atender a essas necessidades. Em seguida, trabalhamos para incluir uma proporção das mulheres treinadas em nossas próprias cadeias de suprimentos e mobilizar nossos contratados para priorizar sua inclusão em seu processo de contratação ou facilitar os vínculos com outras indústrias em nossa área de influência.

Não é apenas a igualdade de gênero que estamos abordando em nossos mercados. Em muitos casos, seremos vizinhos das comunidades locais por décadas, por isso também implementamos políticas adicionais de inclusão para garantir que todos tenham acesso às oportunidades que nossos projetos podem oferecer. Atuamos em diversos mercados e, como resultado, estamos cientes da necessidade de adequar nossa abordagem ao contexto social da área em que atuamos a fim de ter o maior impacto possível.

Por exemplo, em nosso projeto Jacarandá no Brasil, nossas políticas de contratação foram estruturadas para garantir que pelo menos 35% da força de trabalho total seja composta por pessoas de cor, que são frequentemente excluídas das oportunidades de emprego devido à discriminação racial. Até hoje, 74% das mulheres e 79% dos homens atualmente empregados em Jacarandá são de ascendência afro-brasileira, e no total, 56 mulheres estão empregadas na construção deste projeto, respondendo por 15% do total da força de trabalho.

Formadas do programa de mão-de-obra feminina “Somos todos parte da mesma energia” trabalhando em nossa planta solar Jacarandá em Juazeiro, Bahia, Brasil.

Enquanto isso, desde o início de março, contratamos 95 mulheres em nosso projeto em “Sol de Desierto” no Chile, representando 14% da força de trabalho total, e no México, implementamos um programa de treinamento para equipar cerca de 300 mulheres com uma variedade de habilidades, que pretendemos replicar no Lar do Sol – Casablanca, uma usina solar da Atlas em Minas Gerais, Brasil.

UMA VISÃO SISTÊMICA

Na Atlas, nosso objetivo é continuar avançando para nos tornarmos uma referência em igualdade em nosso setor e para as indústrias de infraestrutura e energia em geral.

Embora o progresso que fizemos até agora seja significativo, ainda há muito trabalho a ser feito. Mas ao reconhecer as lacunas e buscar soluções tangíveis, pretendemos construir um futuro mais equitativo, que permita a todos, independentemente de gênero, etnia, idade, origem ou capacidade, ter acesso à igualdade de oportunidades.

Nos últimos anos, reduzir as emissões de carbono no ritmo necessário para mitigar os impactos das mudanças climáticas surgiu como um desafio importante para os formuladores de políticas em todo o mundo. Embora existam várias abordagens, uma delas – a precificação do carbono – está ganhando popularidade e os indicadores mostram que em breve será generalizada.

O QUE É A PRECIFICAÇÃO DO CARBONO?

Em resumo, a precificação do carbono é o meio pelo qual a poluição do carbono recebe um custo que é então repassado aos emissores de CO2 através de um imposto ou taxa. É um princípio econômico simples: tornar algo mais caro desencoraja seu uso. A ideia por trás da precificação do carbono é, em sua essência, dar às empresas um incentivo financeiro para reduzir suas emissões.

A forma mais básica de precificação do carbono é através de um imposto sobre o carbono, que é um imposto fixo por tonelada de equivalente de CO2 (tCO2e) sobre a quantidade de dióxido de carbono produzido. Outras iniciativas incluem sistemas de comércio de emissões (ETS), que criam um mercado de créditos fiscais para que os emissores possam comercializar unidades de emissão com não emissores. Enquanto isso, os mecanismos de compensação permitem que os emissores evitem o imposto sobre o carbono se fizerem esforços paralelos para remover o carbono de outras partes do meio ambiente.

Para os seus proponentes, a precificação do carbono é a abordagem mais eficiente para reduzir as emissões, pois incentiva imediatamente cortes em qualquer atividade que emite carbono e força a inovação para alternativas menos poluentes. Definido no nível certo, um imposto de carbono sobre a energia criaria rapidamente uma preferência econômica por gás natural, por exemplo, em vez de petróleo e carvão, e por energia renovável em vez de combustíveis fósseis, impulsionando assim a transição para a energia limpa em todo o mundo.

Isso não quer dizer que todos concordem com o conceito. Em muitos países, dos Estados Unidos à Austrália e além, as propostas de impostos sobre o carbono têm sido recebidas com oposição. No entanto, o número de jurisdições que estão colocando um preço sobre o carbono, seja por meio de um imposto sobre o carbono ou por meio de um ETS, está crescendo. Atualmente, 46 países e 32 jurisdições subnacionais implementaram iniciativas de precificação de carbono, em comparação com 42 países e 25 jurisdições subnacionais em 2017. Isso inclui a maior parte da Europa, China, Canadá e África do Sul, bem como o estado da Califórnia, nos EUA.

A perspectiva latino-americana

Na América Latina, as iniciativas de precificação de carbono estão atualmente em seus primórdios. Como vemos no gráfico a seguir, o México, o Chile, a Argentina e a Colômbia já têm esquemas de tributação de carbono em andamento, mas colocam um preço bastante modesto em cada tCO2e de carbono – inferior ao do Canadá e da África do Sul e uma fração dos US$ 40 a US$ 80 por tCO2₂e recomendado pela Comissão de Alto Nível sobre preços de carbono para reduzir as emissões de maneira econômica, em linha com as metas de temperatura do acordo de Paris.

Como os planos atuais de mitigação das mudanças climática, tanto na região quanto globalmente, ainda não alcançaram os níveis de redução de emissões necessários para manter o aumento da temperatura global abaixo de 2˚C, acreditamos que mais e mais governos começarão a implementar a precificação do carbono nos próximos anos e os impostos sobre o carbono provavelmente aumentarão.

APOIO CORPORATIVO

Embora o preço do carbono tenha um impacto direto e negativo nos lucros das empresas poluidoras, um número cada vez maior de empresas está exigindo isso, pois a crescente pressão dos investidores e consumidores as levam a começar a levar a sério a redução de emissões.

Nos Estados Unidos, a Business Roundtable (BRT), uma associação de diretores executivos de mais de 200 empresas líderes, endossou mecanismos de mercado, incluindo precificação de carbono, para promover ações sobre mudanças climáticas. Mesmo as empresas petrolíferas, incluindo ExxonMobil, Shell e BP pediram a implementação de impostos sobre o carbono, enquanto a multinacional espanhola Repsol, chegou ao ponto de estabelecer sua própria precificação interna do carbono de US$ 25 por tCO2e para novos investimentos, chegando a US$ 40 por tCO2e a partir de 2025.

De fato, em todo o mundo, atualmente cerca de 1.600 empresas utilizam a precificação interna de carbono para priorizar investimentos de baixo carbono e se preparar para regulamentações futuras, ou antecipar-se a fazê-lo em dois anos, de acordo com uma pesquisa realizada pela Carbon Disclosure Project, uma organização internacional sem fins lucrativos. Em muitos casos, elas estão usando os lucros para financiar os esforços de redução de emissões: a Microsoft, por exemplo, utiliza a receita de sua taxa interna de carbono para financiar energia renovável e tem como objetivo atingir 100% de uso de energia renovável até 2025.

Em junho de 2020, Bernard Looney, CEO da BP, mais do que dobrou a previsão do preço de carbono de sua empresa, para US$ 100 em 2030, afirmando que acredita que os países em todo o mundo irão acelerar a agressiva transição dos combustíveis fósseis para alternativas mais limpas até o final da década.

Portanto, para aquelas empresas que ainda não têm suas próprias iniciativas internas de precificação de carbono ou que ainda não levaram em consideração o provável impacto dos impostos sobre o carbono em seus resultados financeiros, está claro que é hora de agir.

O CUSTO DA PRECIFICAÇÃO DO CARBONO

Como maior emissor do mundo, o setor de energia é o mais impactado pela precificação do carbono. Já estamos começando a ver o fracasso comercial da geração de energia térmica como resultado disso. Mais recentemente, uma expansão planejada de 450 MW da usina termelétrica estatal da Bósnia e Herzegovina – financiada por um empréstimo de 614 milhões de euros, aprovado pelo China Eximbank – foi descrita pelo Secretariado da Comunidade de Energia da União Europeia como um “desastre econômico”, dado que foi planejado com um preço de carbono de € 7 por tCO2e, enquanto o preço atual na UE é de € 25.

A Bósnia e Herzegovina não é um estado-membro da UE e ainda não aplica a precificação do carbono. No entanto, agora a Comissão Europeia está preparando um imposto de fronteira sobre o carbono, que será aplicado também aos Bálcãs Ocidentais, tornando assim insustentável o sucesso financeiro da usina.

No entanto, não são apenas as empresas de serviços públicos e os produtores de energia que serão impactados pela precificação do carbono. Qualquer aumento de preço relacionado à geração de energia será inevitavelmente repassado aos clientes, aumentando os preços que as empresas – e as famílias – acabam pagando.

O impacto sobre os grandes usuários de energia

Para as indústrias com uso intensivo de energia, isso representa uma dupla ameaça. Fabricantes de produtos químicos, indústrias têxteis e grandes empresas industriais não só pagarão um imposto adicional com base em suas próprias emissões, como também pagarão custos de energia mais altos à medida que seus fornecedores de eletricidade aumentam os preços para cobrir seus próprios impostos de carbono. De acordo com um estudo recente da EY, o impacto estimado de um imposto de carbono nos custos gerais de produção da indústria a um preço de carbono de US$ 25 por tCO2e será um aumento de 1,1%, com a maior parte – 0,7% – composta por custos indiretos, ou seja, por preços mais elevados de insumos energéticos.

Historicamente, estudos constataram que quando o custo da energia representa uma fração maior do custo de produção, as empresas encontram novas formas de reduzir os custos de energia, e desta vez não será diferente. Até agora, 284 marcas globais, da ING a Unilever, AB Inbev e a Kellogg Company, deram um passo para acelerar a transição para a energia com zero de carbono, comprometendo-se a obter 100% de sua energia de fontes renováveis.

Essas empresas podem ver o que está por vir no horizonte e estão tomando medidas para se reposicionar. Acreditamos que esta é uma decisão sensata: como mostra o caso da usina elétrica da Bósnia e Herzegovina, esperar até que a precificação do carbono seja implementada em seu país de origem pode ser tarde demais, pois as decisões tomadas por outras jurisdições podem muito facilmente ter um impacto transfronteiriço.

ESTEJA PREPARADO

Embora as conversas iniciais sobre a precificação do carbono tenham enquadrado isso como uma simples imposição regulatória, ficou claro que não apenas as empresas estão por trás da ideia de reduzir as emissões de carbono, mas também o público em geral. Em uma recente pesquisa internacional com mais de 10.000 consumidores na França, Alemanha, Itália, Holanda, Espanha, Suécia, Reino Unido e nos Estados Unidos, dois terços dos consumidores disseram que gostariam de ver a rotulagem de carbono nos produtos.

Como os consumidores em todo o mundo se tornam mais informados sobre a pegada de carbono dos produtos que compram e começam a votar com seu poder de compra, essa não é uma tendência a ser ignorada. Felizmente, soluções para reduzir a dependência de combustíveis fósseis estão disponíveis. Um exemplo é através da estrutura do acordo de compra de energia (PPA), o que significa que os consumidores corporativos de energia podem aproveitar melhores decisões estratégicas de abastecimento de energia com a ajuda de um parceiro experiente e capaz. Esta é a oportunidade perfeita para reduzir o risco quase inevitável de iniciativas de precificação de carbono nos resultados financeiros de grandes usuários de energia. Além disso, em muitos mercados já existe uma economia de custos imediata, graças ao preço competitivo da energia renovável.

A precificação do carbono, em nossa opinião, é inevitável, mas, felizmente, há muitas maneiras pelas quais as empresas podem se preparar para garantir que estarão prontas quando chegar a hora.

O governo Biden tem como meta transformar os Estados Unidos em uma economia de energia 100% limpa até 2050. Analisamos o que isso significa para o setor de energias renováveis.

“Neste momento de crise profunda, temos a oportunidade de construir uma economia mais resiliente e sustentável – que colocará os Estados Unidos em um caminho irreversível para alcançar emissões líquidas zero em toda a economia” – Presidente Joe Biden.

Ao tomar posse em 20 de janeiro, o presidente Joe Biden começou imediatamente a trabalhar em sua promessa de campanha de levar os EUA a um futuro verde. Assinando uma série de ordens executivas, ele ordenou que as agências federais adquirissem energia livre de carbono, conduzissem o desenvolvimento de tecnologias de energia limpa, e acelerassem projetos de geração e transmissão de energia limpa. Seu governo quer eliminar a poluição de combustíveis fósseis no setor de energia até 2035 e na totalidade da economia americana até 2050. Ele ainda pretende investir US$ 2 trilhões em quatro anos para que isso aconteça.

O plano climático proposto por Biden deverá resultar em mudanças significativas na política energética dos EUA. Eis o que esperar.

NÃO HAVERÁ MAIS ASSISTÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

A rede de energia movida a combustíveis fósseis gera 28% das emissões dos EUA, e o novo presidente pretende zerar isso rapidamente através da interrupção do arrendamento de terras federais para a exploração de petróleo, gás e da retirada dos subsídios para essas indústrias, além de estabelecer limites agressivos de poluição por metano para as operações novas e existentes de petróleo e gás, o que provavelmente aumentará os custos das já marginais operações de prospecção de petróleo e gás nos Estados Unidos.

PRECIFICANDO O CARBONO PARA FORA DO MERCADO

Em uma declaração por escrito às perguntas dos membros da Comissão de Finanças do Senado, Janet Yellen, nomeada pelo presidente Biden para dirigir o Departamento do Tesouro, disse: “Não podemos resolver a crise climática sem a precificação efetiva do carbono. O presidente apoia um mecanismo de fiscalização que exige que os poluidores arquem com o custo total da poluição do carbono que estão emitindo”. Espera-se que um imposto nacional sobre o carbono seja implementado nos EUA, criando um impacto negativo direto nos resultados financeiros das empresas poluidoras, tornando a energia limpa e renovável mais competitiva do que os combustíveis tradicionais.

REPENSANDO A POLÍTICA COMERCIAL

Em 2018, a administração Trump impôs uma tarifa de 30% por quatro anos sobre painéis solares importados, o que impediu a implantação de 10,5 gigawatts de energia solar que, de outra forma, seriam construídos, de acordo com análise da Associação das Indústrias de Energia Solar, o maior grupo comercial do setor. Essa associação solicitou ao presidente Biden que removesse essas tarifas, a fim de ajudar a reduzir os preços e atingir sua meta de fornecer 20% da eletricidade dos EUA até 2030, contra apenas 3% atualmente. Embora a nova administração dos EUA ainda não tenha tomado nenhuma decisão sobre isso, a pressão dos órgãos da indústria dos EUA está crescendo e é provável que, no curto prazo, o presidente Joe Biden procure rever as tarifas de importação sobre equipamentos de energia solar.

NOVOS INCENTIVOS PARA A ENERGIA RENOVÁVEL

À medida que o governo dos EUA procura tornar seu plano operacional, são esperadas extensões dos créditos fiscais existentes para energia renovável,. Como parte da Lei de 2020 de Alívio Fiscal de Desastres e Segurança do Contribuinte do ex-presidente Trump, a expiração do crédito fiscal de produção (CFP) para energia eólica e algumas outras tecnologias de energia renovável foi adiada por mais um ano, para o final de 2021, enquanto a redução gradual do crédito fiscal de investimento (CFI), aplicável à energia solar e a alguns outros projetos de energia renovável, foi congelada por dois anos.

Como esses créditos permanecem vitais para o desenvolvimento da indústria de energia renovável e para a continuidade do potencial de crescimento dos EUA, que busca se recuperar do impacto econômico da pandemia, mais incentivos fiscais podem ser esperados, com o potencial de créditos reembolsáveis podendo ser alavancados em estruturas de financiamento para investimentos em energia renovável.

OS NÚMEROS VÃO SE SOMANDO…

Além das implicações políticas, os aspectos práticos de tornar a rede elétrica da maior economia do mundo mais verde em apenas 15 anos, tornam isso uma façanha nada fácil: os desenvolvedores de capacidade renovável terão que triplicar imediatamente seu ritmo de instalação a partir de 2020 para atingir a meta de Biden, de acordo com um estudo da Universidade da Califórnia pela Escola de Políticas Públicas Goldman de Berkeley.

No entanto, os pesquisadores descobriram que a queda contínua do preço da energia solar e eólica significará que a remoção de cerca de 90% das emissões da rede elétrica até 2035, reduziria os preços da eletricidade no atacado em 10%, enquanto a melhoria do armazenamento em bateria garantirá a confiabilidade da nova rede mais limpa dos EUA. De fato, o plano do presidente Biden é financeiro e economicamente viável.

… PARA UM BOM IMINENTE DA INFRA-ESTRUTURA AMBIENTAL

Além da pesquisa acadêmica, a atividade do mercado de capitais indica também que um sentimento positivo está crescendo por trás do plano do presidente Biden. Na semana anterior à posse do presidente, segundo dados da Lipper, os fundos de energia alternativa registraram um influxo de US$ 4 bilhões, onde os investidores apostaram em uma perspectiva brilhante para as empresas de energia renovável. Para colocar isso em perspectiva, durante todo o ano de 2020, o total de influxos foi de apenas US$ 17,1 bilhões.

PLANOS AMBICIOSOS

O escopo e o alcance da agenda de energia limpa da nova administração é certamente ambicioso, mas acreditamos que isso demonstra um alinhamento entre o governo e um número crescente de empresas americanas influentes e mundialmente reconhecidas, que se comprometeram com a energia 100% renovável como parte da iniciativa RE100. Essas empresas, que incluem Apple, American Express, Facebook, General Motors e Google, já assinaram PPAs para energia renovável em vários países, inspirando muitos outros a seguirem o exemplo.

Até agora, no entanto, os EUA eram citados pelos membros do RE100 como um “mercado desafiador” para o abastecimento corporativo devido à “falta de liderança do governo federal”. Com a nova política climática da administração Biden, isso provavelmente mudará e esperamos ver um aumento na demanda das empresas em vários setores da indústria – do varejo à manufatura, indústria pesada e muito mais.

Não é apenas a América corporativa que apoia a transição energética. De acordo com uma pesquisa feita pela Associação das Indústrias de Energia Solar (AIES), 90% dos americanos, independentemente de crenças políticas, apoiam a energia solar,.

As metas referente ao clima e à energia do governo Biden são ousadas, mas a Associação Americana de Energia Limpa (AEL), um grupo comercial recém-formado, declarou que a indústria de energia renovável está pronta para ajudar o país a alcançá-las e na Atlas Renewable Energy, estamos somando nossa voz à de nossos colegas nos Estados Unidos.

Desde 2017, desenvolvemos, construímos e operamos projetos de energia renovável em grande escala que permitirão a transição energética em toda a América Latina. Fomos os primeiros a implementar um PPA de energia solar privada no Chile há cerca de oito anos e, desde então, continuamos avançando na adoção de energia renovável por grandes consumidores de energia. Com uma das maiores bases de ativos solares da região, assinamos um recorde de 660 MW em PPAs corporativos em 2020, tornando-nos o maior desenvolvedor na região da América Latina por volume contratado, de acordo com a Bloomberg. Já somos um parceiro confiável para multinacionais dos EUA como a Dow e a Anglo American e esperamos apoiar um número crescente de empresas a reduzir suas emissões de CO₂ em prol de um futuro mais verde em toda a região.

Em todo o mundo, o comportamento do consumidor está passando por uma mudança dramática. Comprar tornou-se um ato político, com as marcas que buscam tornar o mundo um lugar melhor sendo recompensadas com vendas crescentes e maior fidelização dos clientes. Neste enfoque sobre a América Latina, analisamos como, à medida que a população da região procura comprar a mudança que deseja ver no futuro, as empresas devem melhorar em sustentabilidade e nas questões ambientais – ou correm o risco de perder sua clientela.

A EVOLUÇÃO DO CONSUMIDOR VERDE

Nos últimos anos, os compradores em todo o mundo começaram a compreender que seu poder de compra pode fazer a mudança acontecer. Os consumidores estão pedindo que as empresas mostrem seus valores, recompensando aquelas que se alinham com seus valores.

Esta é uma mudança de paradigma em relação ao ativismo do consumidor de antigamente, quando os boicotes a marcas eram uma forma de exercer pressão sobre as grandes empresas. Em um relatório recente da empresa de pesquisas Weber Shandwick sobre esse cenário em mudança, descobriu-se que 83% dos consumidores agora preferem o ativismo positivo – apoiar as empresas ao comprar delas, em vez de evitar aquelas cujas práticas discordam.

No mundo hiper conectado de hoje, onde as decisões de compra são tão influenciadas pela mídia social quanto pela publicidade, o impacto do apoio do consumidor na reputação de uma marca é imenso. E embora o ativismo do consumidor assuma muitas formas, é cada vez mais o desempenho ambiental e de sustentabilidade das empresas que os compradores estão aprimorando, com a empresa Nielsen, que avalia a percepção do consumidor, calculando um salto de quase 50% nas vendas de produtos sustentáveis em 2021, em comparação com 2014.

A AMÉRICA LATINA ASSUME A LIDERANÇA

Em seu relatório de 2019, a Nielsen concluiu que a América Latina está à frente da curva global no que diz respeito ao consumo sustentável. Um total de 85% dos consumidores latino-americanos disseram que certamente ou provavelmente mudariam seus hábitos de consumo para reduzir seu impacto no meio ambiente – contra apenas 73% globalmente.

Embora a maioria dos esforços do consumidor ainda esteja focada em ganhos tangíveis – como a seleção de produtos com embalagens recicláveis ou menos recicláveis, surgiu uma tendência crescente, onde os consumidores buscam empresas que vão ainda mais longe.

Em 2018, a empresa colombiana de alimentos Tosh tornou-se a primeira grande marca do país a ser certificada como neutra em carbono, compensando 17.000 toneladas de CO2 a cada ano ao reformular a sua marca e demonstrar suas credenciais de sustentabilidade aos clientes. Enquanto isso, a maior multinacional de cosméticos do Brasil, a Natura, controla e monitora rigorosamente todas as emissões de carbono relacionadas a seus processos de embalagem, logística, produção e transporte. E alguns anos atrás, o Chile tornou-se a sede do primeiro vinho neutro em carbono do mundo.

Esse foco na neutralidade de carbono também está começando a se infiltrar no consumo de energia corporativo. Diante da pressão dos consumidores para serem verdes e reduzir seu impacto no meio ambiente, as marcas e fabricantes multinacionais de bens de consumo que estabeleceram bases na América Latina, devem mudar sua abordagem e repensar de onde vêm suas necessidades de eletricidade.

Este é o início de uma transformação que não vai parar. Os consumidores não querem mais simplesmente produtos sustentáveis – eles querem que as empresas das quais estão comprando sejam sustentáveis em todas as suas operações corporativas. Na verdade, essa tendência é ainda mais evidente na América Latina do que em outras regiões do mundo, em grande parte porque o impacto da mudança climática já está se fazendo sentir – do derretimento das geleiras andinas a eventos climáticos extremos. Quando questionados pela LAPOP’s Americas Barometer sobre a gravidade do problema da mudança climática em seu país, 75% da população da América do Sul e 82% dos mexicanos e da população da América Central a caracterizaram como “muito grave” – em comparação com apenas 40% nos Estados Unidos e Canadá.

Esta é também uma mudança geracional – o último Relatório Global de Compradores Sustentáveis realizado pela Nielsen, mostrou que 85% dos latino-americanos que nasceram na década de 1980 e início de 1990 estão preocupados com a sustentabilidade dos processos de produção das empresas, contra 72% da geração de seus pais. E se a ascensão do ativismo climático que vimos na geração Z até agora for algo a ser visto como exemplo, essa tendência só vai continuar.

OS EVENTOS DE 2020 ACELERARAM A TENDÊNCIA

Existe, é claro, outro fator que leva ao aumento da consciência do consumidor em relação à sustentabilidade. A pandemia COVID-19 demonstrou inequivocamente a relação entre os seres humanos e o mundo natural, bem como o grau em que todos na Terra estão interligados. Como resultado, para os consumidores, a agenda da sustentabilidade ganha nova importância.

Uma pesquisa recente realizada pela empresa de consultoria BCG constatou que nove décimos dos consumidores entrevistados disseram estar tão ou mais preocupados com as questões ambientais após o surto do vírus e quase 95% disseram acreditar que suas ações pessoais poderiam ajudar a reduzir o lixo insustentável, combater as mudanças climáticas e proteger a vida selvagem e a biodiversidade. Quase um terço disse que essa crença havia se fortalecido como resultado da crise.

Entretanto, como as empresas continuam a lutar com os impactos persistentes das restrições de movimento, interrupções na cadeia de suprimentos e queda na demanda causada pela pandemia, priorizar a sustentabilidade e o desempenho ambiental é, para muitos, a última prioridade da lista.

Acreditamos que isso seria um erro. A pressão do consumidor não está desaparecendo – só está aumentando. As empresas que deixarem de lado seus esforços agora, provavelmente estarão acumulando riscos para o futuro, enquanto aquelas que optarem por se engajar novamente em iniciativas de sustentabilidade, ganharão uma vantagem competitiva distinta.

ENERGIA RENOVÁVEL – UMA ESTRATÉGIA SÓLIDA

Uma forma pragmática de alcançar o tipo de sustentabilidade que os consumidores esperam cada vez mais é observar o que pode gerar o maior impacto nas emissões de carbono. Para a grande maioria das empresas, o consumo de energia é o maior responsável e é por isso que, em toda a região, um número crescente de empresas está mudando para energias renováveis e a sociedade civil está se preparando para apoiá-las.

De fato, as empresas na América Latina têm uma vantagem comparativa em relação a muitas de suas congêneres em todo o mundo. Amplos recursos renováveis, juntamente com uma estrutura regulatória favorável em muitos países, abriram caminho para que mais e mais usuários corporativos de energia se tornem verdes.

Esse interesse crescente gerou um aumento no número de contratos corporativos de compra de energia (PPAs) para energia renovável, onde 2019 testemunhou um aumento de três vezes nos contratos assinados. Um contrato feito sob medida entre um comprador corporativo e um produtor de energia, os PPAs renováveis, permitem que as empresas comprem ou gerem energia renovável suficiente para cobrir 100% ou mais de seu uso de eletricidade ao longo do ano, permitindo-lhes garantir que a base de suas operações seja sustentável.

Nossa equipe, por exemplo, foi a primeira a implementar um PPA solar privado no Chile há cerca de oito anos e, desde então, repetimos esse sucesso no Brasil e no México. Em 2020, a Atlas Renewable Energy assinou mais de 660 MW em PPAs corporativos na América Latina, o que nos tornou o principal desenvolvedor da região por volume contratado, de acordo com a Bloomberg. À medida que as empresas se ajustam às novas demandas dos consumidores, vemos um número crescente de consultas de líderes empresariais perguntando como eles podem aproveitar a energia renovável para cumprir seus objetivos ASG (Ambientais, Sociais e de Governança). Os números são claros: de acordo com um estudo recente da Universidade de Stanford, que analisou o impacto nas emissões de carbono das empresas ao mudar para energias renováveis, uma estratégia 100% solar reduziria as emissões anuais de carbono em até 119% da pegada de carbono de uma empresa – levando a um grande salto a frente em seu desempenho ambiental.

O novo consumidor verde de hoje não quer apenas saber a origem do que compra, ou como é embalado. Eles querem ver compromissos reais das empresas de que estão fazendo tudo o que podem para minimizar o impacto no meio ambiente. A sustentabilidade não é mais um complemento, e acreditamos que uma estratégia de energia sólida com energias renováveis ​​em seu núcleo, deve ser um pilar fundamental dos esforços das empresas para responder às demandas dos consumidores.

Mesmo com a pandemia da Covid-19 levando a economia global à recessão, 2020 foi um ano bom para o setor de energia renovável, como uma classe de ativos. Com novos ventos favoráveis prometendo impulsionar o setor, acreditamos que 2021 verá uma recuperação ainda maior do interesse do mercado de capitais pelo setor.

Apesar de numerosos ventos em contrário, a economia global continuou sua transição para a energia renovável em 2020, com uma quantidade recorde de nova capacidade instalada em todo o mundo. A saúde do setor estava em nítido contraste com a da infraestrutura e dos combustíveis fósseis, e a subsequente fuga para a qualidade se traduziu em inundações de capital à medida que as instalações continuaram a crescer, apesar das perturbações econômicas e sociais causadas pela pandemia do Coronavírus.

Em geral, os investimentos de baixo carbono – que cobrem a energia renovável e outras tecnologias que reduzem a dependência de combustíveis fósseis – aumentaram 9% em 2020, de acordo com uma análise da Bloomberg New Energy Finance (BNEF). E essa tendência de alta parece que vai continuar. De acordo com uma pesquisa recente da Octopus Capital, os investidores institucionais globais planejam aumentar sua alocação em energia verde de 4,2% de sua carteira geral, para 8,3% nos próximos cinco anos e para 10,8% dentro da próxima década. 

UMA OPÇÃO ATRAENTE

Um dos principais fatores por trás disso é a crescente demanda por energia limpa em meio à pressão política para cumprir os objetivos ambiciosos do acordo de Paris, um compromisso climático internacional para manter o aumento da temperatura global abaixo de 2%. Segundo o Goldman Sachs, o cumprimento desses compromissos exigirá investimentos de até US$30 trilhões em infraestrutura de energia limpa até 2040. O banco de investimento espera que esta clara trajetória de crescimento impulsione os gastos com projetos de energia renovável acima dos gastos com petróleo e gás neste ano – a primeira vez na história que isso vai acontecer.

PREVISÍVEL, ESTÁVEL E COMPETITIVO

Mas, além da crescente demanda por energias renováveis, há vários outros fatores em jogo que estão levando mais investidores a entrar no setor. O primeiro é sua estabilidade. Os produtores de energia tradicionais raramente firmam contratos de preços que abrangem décadas. Os produtores de energias renováveis, por outro lado, podem fazer isso, graças à inesgotabilidade de suas fontes de energia.

A pesquisa da Octopus Capital, que cobriu investidores de todo o mundo com ativos totais combinados de US$6,9 trilhões, descobriu que mais da metade dos entrevistados veem a previsibilidade da energia verde como um motivo para capitalizar no mercado. Historicamente, e como foi ilustrado com um dia sem precedentes em 2020, quando o preço do petróleo ficou negativo, os preços dos combustíveis fósseis e, por extensão, da eletricidade baseada em combustíveis fósseis, têm sido extremamente voláteis

O custo das energias renováveis, entretanto, tornou-se cada vez mais competitivo comparado com os combustíveis fósseis, à medida que novas tecnologias, incluindo painéis solares bifaciais e rastreadores, estão ajudando a melhorar a eficiência. Consequentemente, o custo médio de energia (LCOE) da energia solar, despencou de US$359 em 2009 para uma média de US$40 uma década depois – uma queda de 89%. Segundo Marcel Alers, chefe de energia do PNUD, “agora é mais barato usar a energia solar do que construir novas usinas de carvão na maioria dos países e a energia solar é agora a eletricidade mais barata da história.”

Os investidores também estão sendo atraídos pela promessa de gastos governamentais vultosos e de incentivos fiscais para projetos verdes à medida que as economias em todo o mundo buscam retornar ao crescimento. Por exemplo, ao tomar posse, o recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, revelou um plano de investimento em energia limpa de US$2 trilhões, visando 100% de eletricidade limpa até 2035. Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, o “Acordo Verde” da União Europeia inclui US$572 bilhões destinados a gastos em projetos verdes, entre eles a geração de energia renovável.

RISCO VERSUS RECOMPENSA

Outro fator é o risco envolvido em combustíveis fósseis comparado com energias renováveis. Um estudo recente do Instituto de Estudos de Energia da Universidade de Oxford perguntou a investidores institucionais, incluindo gestores de ativos, fundos de hedge e investidores de capital privado nos EUA e na Europa, qual seria a taxa mínima exigida para investir em diferentes projetos de energia e descobriu que os investidores agora esperam riscos maiores em projetos de petróleo e gás em comparação com projetos de energia solar e eólica. 

De fato, para 2021, o Goldman Sachs coloca a taxa mínima para os projetos atuais de combustíveis fósseis em até 20%, contra apenas 3 a 5% para projetos de energias renováveis, demonstrando não apenas que questões como o potencial de ativos de combustíveis fósseis encalhados se tornaram uma preocupação central, mas também que a energia renovável não é mais vista como uma aposta marginal, e sim como uma classe de ativos dominante.

As perspectivas macroeconômicas também favorecem as energias renováveis. À medida que os governos continuam a implementar os pacotes financeiros relacionados ao Covid, as taxas de juros devem permanecer mais baixas por mais tempo. Enquanto isso, a expansão econômica parada resultou em uma escassez geral de oportunidades de investimento de alto rendimento, deixando os investidores em busca de investimentos de longo prazo e de baixo risco – que os projetos de energia renováveis e a energia solar em particular – oferecem aos montes.

Como resultado, metade dos investidores entrevistados pela Octopus Capital disseram que esperam que a energia renovável gere retornos líquidos anuais superiores ao do mercado, de 5% a 10% nos próximos 12 meses, e 80% disseram que planejam aumentar as alocações neste setor ao longo dos próximos três a cinco anos.

Na América Latina, estamos observando uma tendência semelhante à medida que os investidores buscam oportunidades em energias renováveis para atender sua busca por rendimento. Em particular, os projetos com oportunidades de receita que são contratados por períodos mais longos e com uma maior proporção de capacidade de geração, estão se tornando cada vez mais atraentes.

TORNAR-SE VERDE VIROU IMPERATIVO

A quase inevitabilidade da precificação do carbono, bem como a pressão crescente sobre as empresas para que informem sobre os seus riscos climáticos, também tem visto os investidores começarem a refinar suas carteiras para evitar perdas futuras, abandonando os combustíveis fósseis, tanto petróleo como carvão, substituindo-os por energias verdes.

Segundo a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, de janeiro a novembro de 2020, investidores em fundos mútuos e ETFs investiram US$288 bilhões globalmente em ativos sustentáveis, um aumento de 96% em todo o ano de 2019. Em sua recente carta de 2021 aos CEOS, Larry Fink, o presidente do conselho e CEO da empresa, anunciou que a empresa agora irá implementar um “modelo de maior escrutínio” em suas carteiras ativas, como uma estrutura para a gestão de participações que representam um risco climático significativo, incluindo a sinalização para uma possível saída dessas participações.

Investimentos verdes certificados, em linha com padrões como os “Princípios de Títulos Verdes” e os “Princípios de Empréstimos Verdes”, também estão se consolidando no mercado. Na Atlas, implementamos a nossa “Estrutura Financeira Verde” em nossos projetos recentemente anunciados e estamos observando uma tendência crescente no número de investidores que procuram participar de instrumentos de financiamento verde, incluindo títulos e empréstimos.

Assim, à medida que os investidores avaliam até que ponto o risco climático é um risco de investimento, os projetos de energias renováveis se tornaram uma alternativa atraente para investidores, tanto em infraestrutura como em energia.

UM FUTURO BRILHANTE

Contra todas as probabilidades, a transição global para as energias renováveis continuou acelerada no ano passado e essa tendência não mostra sinais de desaceleração. Dado todo o crescimento esperado à frente, acreditamos que a energia renovável oferece um potencial de retornos para os próximos meses e anos que superam o mercado e esperamos não ver falta de interesse de investidores que procuram investimentos estáveis e previsíveis e que se alinham com seus objetivos ASG – Ambientais, Sociais e de Governança – relacionados.

Nos últimos anos, a energia renovável sofreu uma redução dramática no custo e agora é mais competitiva do que os combustíveis fósseis em muitos mercados. Em 2021, acreditamos que este declínio, combinado com mudanças políticas abrangentes em todo o mundo e um foco corporativo renovado na sustentabilidade na esteira da pandemia de Covid-19, levará a uma enorme oportunidade de crescimento global em energia renovável. Eis o porquê.

OS EUA RETORNAN  A PARIS

Uma das prioridades imediatas do recém-inaugurado governo Biden-Harris é uma ação rápida sobre a mudança climática. Em seu primeiro dia de mandato, o presidente Joe Biden assinou uma ordem executiva abrangente para aderir novamente ao Acordo de Paris, como parte de um plano para os EUA atingirem emissões zero até 2050. O acordo, do qual o antigo governo se retirou oficialmente em 2020, visa limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius em comparação com os níveis pré-industriais, reduzindo as emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa até o ano de 2050.

De acordo com uma nota recente de Jahnavi Nadipi, um analista de mercados de energia da Platts Analytics North American, os EUA precisarão de até 238 GW a mais de energia solar e eólica para cumprir as metas do acordo – mais do que o dobro de sua capacidade instalada atual. Para atender a isso, o presidente Biden estabeleceu uma meta ambiciosa de investimento de US$2 trilhões em infraestrutura de energia limpa nos próximos quatro anos, aumentando as perspectivas de curto prazo para o setor de energias renováveis.

A CHINA PLANEJA DOBRAR A CAPACIDADE TOTAL DE ENERGIAS RENOVÁVEIS

No final de 2020, o presidente chinês Xi Jinping, pela primeira vez, estabeleceu planos concretos para atingir zero de emissões líquidas de dióxido de carbono. O país planeja atingir 1,2 TW de capacidade de energias renováveis até 2030 – uma quantidade igual ao total global da capacidade solar e eólica instalada atualmente. A China Photovoltaic Industry Association (CPIA), o principal grupo da indústria solar do país, diz que espera ver 70-90 GW de energia solar nova adicionada a cada ano até 2025.

O MUNDO PRETENDE ZERAR AS EMISSÕES LÍQUIDAS

Além das duas maiores economias do mundo, uma onda de compromissos de outros signatários do Acordo de Paris, incluindo Canadá, Índia, União Europeia, Japão, África do Sul e Coreia do Sul, colocaram as metas de 1,5° C do Acordo a um prazo relativamente curto pela primeira vez, de acordo com o Climate Action Tracker (CAT). Em um sinal claro para financiadores, investidores, fabricantes e desenvolvedores de projetos, os governos estão agora buscando uma expansão mais rápida das fontes de energia renováveis para cumprir essas metas mais rígidas.

LEILÕES EM ANDAMENTO NA AMÉRICA LATINA

O ritmo recente de crescimento da energia limpa na América Latina não mostra sinais de diminuir. O governo colombiano oferecerá 5.000 MW de capacidade em seu terceiro leilão de energia renovável no primeiro trimestre deste ano, passando de menos de 50 MW de energias renováveis instaladas em 2018, para mais de 2,8 GW até o final de 2022. Enquanto isso, em maio, o Chile vai lançar um leilão para 2,31 TWh de energias renováveis e armazenamento.

A RETOMADA DE NEGÓCIOS COM RENOVÁVEIS

O ímpeto político crescente para atingir metas climáticas ambiciosas não passou despercebido às empresas de energia e serviços públicos e muitos passaram 2020 mudando seu foco para negócios focados na sustentabilidade. Na América Latina, a Atlas Renewable Energy assinou um total de 660 MW em PPAs corporativos – um número recorde, o que nos torna o principal desenvolvedor da região por volume contratado para 2020, de acordo com a Bloomberg

Em março, assinamos o maior contrato de compra e venda de energia solar já feito no Brasil, com o conglomerado de mineração Anglo American, ajudando-o a concretizar sua estratégia de utilizar 100% de energia renovável para suas operações no Brasil a partir de 2022. Em junho, assinamos um contrato de 15 anos com a gigante da ciência de materiais Dow para fornecer a ela energia limpa de nosso projeto solar Jacaranda de 187 MWp, localizado no município de Juazeiro, no estado da Bahia, Brasil. A usina vai gerar 440 GWh por ano, o que é suficiente para fornecer energia a uma cidade com mais de 750 mil habitantes, permitindo à Dow se aproximar de suas metas de utilização de energia renovável. 

Esta é uma tendência global. Nos EUA, a Dominion Energy e a Duke Energy arquivaram seu projeto conjunto do Oleoduto da Costa Atlântica, enquanto a Dominion vendeu seu negócio de transmissão e armazenamento de gás e anunciou uma série de acréscimos ao seu portfólio solar. Enquanto isso, a estratégia de transição energética da petrolífera francesa Total continua em ritmo acelerado, com a aquisição de uma participação de 20% na Adani Green Energy da Índia, a maior desenvolvedora de energia solar do mundo.

INVESTIDORES SE AGRUPAM EM PROL DA ENERGIA LIMPA

Em 2020, os mercados de ações globais foram prejudicados pela pandemia de Covid-19, mas a indústria de energia limpa se manteve firme, com o Índice Global de Energia Limpa da S&P registrando um aumento impressionante de 135,4% ao longo do ano. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), as ações de fabricantes de equipamentos e desenvolvedores de projetos de energia renovável superaram os principais índices do mercado de ações em 2020, enquanto o valor das ações de empresas de energia solar mais do que dobrou desde dezembro de 2019. Com a Goldman Sachs anunciando sua expectativa de que a energia renovável se tornará a maior área de investimentos no setor de energia em 2021, ultrapassando pela primeira vez a produção de petróleo e gás, esperamos que esta tendência se acelere, já que os grandes investidores procuram capitalizar sobre o aumento da demanda.

GRANDES USUÁRIOS DE ENERGIA OPTAM PELA ENERGIA LIMPA

Os compromissos das grandes corporações para reduzir suas emissões de CO₂ pouco avançaram nos últimos anos, mas 2020 viu os líderes de mercado converterem promessas em ações – aumentando a demanda por mais investimentos em energia renovável. Em maio de 2020, 155 empresas – com uma capitalização de mercado somada em mais de US$ 2,4 trilhões – assinaram uma declaração instando os governos em todo o mundo a alinhar seus esforços de recuperação e ajuda econômica COVID-19 com a ciência climática atual. Em julho, a Microsoft, juntamente com a AP Moeller-Maersk, Danone, Mercedes-Benz, Natura & Co., Nike, Starbucks, Unilever e Wipro criaram a iniciativa “Transitar para Emissões Líquidas Zero”, com a empresa de tecnologia se comprometendo a desenvolver um portfólio de 500 megawatts de projetos de energia solar em comunidades com poucos recursos nos EUA. Enquanto isso, o Google se comprometeu em setembro a atingir 100% de energia renovável até 2030, enquanto o recém lançado Programa de Energia Limpa para Fornecedores da Apple, fez com que 71 parceiros de fabricação em 17 países se comprometam com 100% de energia renovável na produção para o gigante da tecnologia, já que a Apple se comprometeu em fazer a transição para fontes limpas de toda a eletricidade usada em sua cadeia de suprimentos de manufatura até 2030.

AUMENTO RECORDE NOS PROJETOS ONLINE

Durante o auge da pandemia, quando a demanda geral de energia elétrica diminuiu drasticamente, a participação da energia renovável na rede elétrica aumentou e essa tendência deve continuar. De acordo com a IEA, quase 90% da nova geração de eletricidade em 2020 foi renovável, com apenas 10% movida a gás e carvão, colocando a eletricidade verde no caminho para se tornar a maior fonte de energia até 2025, substituindo o carvão. Nos EUA, o último inventário de geradores de energia elétrica, desenvolvedores e proprietários de usinas elétricas, da Energy Information Administration (EIA), mostra que 39,7 GW de nova capacidade de geração de eletricidade entrarão em operação comercial em 2021, com a energia solar respondendo pela maior parte da nova capacidade, com 39%, seguida pela energia eólica, com 31%.

O DINHEIRO DA RECUPERAÇÃO DO COVID SEGUE PARA A ENERGIA RENOVÁVEL

Apesar da pandemia e da consequente recessão global, os planos de descarbonização continuaram durante 2020, demonstrando a aceitação da necessidade de ação climática independentemente do cenário econômico. Com o dinheiro de estímulo da Covid-19 agora na mesa, a International Finance Corporation (IFC) diz que apoiar investimentos de baixo carbono e capacidade de geração de energias renováveis poderia gerar uma oportunidade de investimento de US$ 10,2 trilhões, criar 213 milhões de empregos e reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 4 bilhões de toneladas até 2030.

ALIMENTANDO O NOVO NORMAL – SEM VOLTAR ATRÁS

Tomadas em conjunto, todas essas tendências indicam para o setor de energias renováveis um forte crescimento em 2021 – e além. Conforme os gráficos da economia global, um caminho em direção a uma nova energia normal e limpa pode impulsionar uma recuperação verde que não deixa ninguém para trás. E, com o aumento da demanda, uma estrutura regulatória favorável e o crescente apetite dos investidores por projetos verdes, acreditamos que as perspectivas para o setor são melhores que nunca.

Em toda a América Latina, as empresas perceberam a necessidade de incorporar a sustentabilidade ao que fazem. Mas, à medida que o relógio da mudança climática continua correndo, estamos vendo os líderes empresariais começarem a se perguntar como lidar com essa questão em uma escala maior e mais impactante, e acreditamos que vale a pena ter essa conversa.

O último World Economic Outlook, publicado em outubro pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), mostra que estamos em um momento crucial da história. No ritmo atual, as temperaturas globais irão aumentar “bem acima dos níveis seguros acordados no Acordo de Paris, aumentando o risco de danos catastróficos para o planeta”, o referido documento observa e acrescenta que a janela para atingir zero de emissões líquidas até 2050, está se fechando rapidamente. A hora de agir é agora.

As empresas fabricam e enviam quase tudo que compramos, usamos e jogamos fora e, portanto, desempenham um papel desproporcional nas emissões globais. Nos últimos anos, vimos empresas em nossa região começarem a olhar seriamente para a sustentabilidade e a adesão, tanto de funcionários como de consumidores, tem sido encorajadora.

No entanto, acreditamos que, a menos que as empresas façam uma mudança decisiva para lidar com os principais elementos de emissões de CO2 em seus negócios, a maioria dos seus esforços não fará diferença suficiente.

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS PARA ALÉM DO ESCRITÓRIO

Nos últimos anos, observamos que ser ecológico se tornou parte integrante da vida cotidiana do escritório, à medida que empresas da região implementaram políticas que vão desde a instalação de lâmpadas de baixo consumo de energia em edifícios, até a promoção do uso de alternativas ao plástico descartável. A ideia do escritório sem papel se enraizou e os recipientes de recicláveis estão agora na maioria dos locais de trabalho profissionais. Enquanto isso, um número crescente de empresas está promovendo o uso de materiais de construção sustentáveis, como móveis reciclados e tapetes feitos de materiais reciclados, em seus escritórios. Também estamos vendo empresas começarem a exigir de seus fornecedores práticas de fabricação mais ecológicas, enquanto outras começaram a promover o descarte seguro dos produtos que fabricam.

Esses passos são obviamente positivos. As empresas que adotam práticas ecológicas criam imagens positivas de suas marcas entre os consumidores e elevam a moral dos seus funcionários, que passam a acreditar no que sua empresa está fazendo. Mas, será que isso faz uma diferença real?

EMPRESAS LATINO-AMERICANAS QUEREM FAZER MELHOR

A cada ano, a Avaliação de Sustentabilidade Corporativa Global da S&P avalia as práticas de sustentabilidade em 124 empresas que participam ativamente da América Latina. Pelo terceiro ano consecutivo, as empresas da região aumentaram sua participação no CSA, de 38% das empresas convidadas em 2018 para 46% em 2019, o que demonstra que um número crescente de empresas está disposto a abordar e melhorar seu desempenho em sustentabilidade. De fato,  a taxa de participação para a América Latina está acima da taxa de participação global, demonstrando que existe uma tendência real em curso para que as empresas tenham um desempenho melhor.

O progresso que elas estão fazendo, no entanto, é lento. A avaliação da S&P considera uma série de dimensões de sustentabilidade, mas na estratégia ambiental e climática, as empresas latino-americanas estão bem abaixo da média global, mostrando que, embora estejam ativamente buscando reduzir as emissões, ainda há muito mais que poderiam estar fazendo.

ENERGIA É IMPORTANTE

Do ponto de vista das emissões, a América Latina é diferente de muitas outras regiões globais, pois a maior parte de sua produção de gases de efeito estufa provém do uso da terra e da agricultura, e não da energia. No entanto, isso deve mudar rapidamente, uma vez que o crescimento econômico e a crescente classe média devem elevar a demanda de energia para pelo menos 80% acima dos níveis atuais até 2040, de acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, levando a emissões totais decorrentes da geração de energia a atingir aproximadamente 2 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono equivalente (MTCO2e) por ano.

Para compensar isso, seria necessário trocar 76 bilhões de lâmpadas incandescentes por LEDs ou reciclar 680 milhões de toneladas de lixo. Levando isso em conta, as iniciativas de pequena escala que estão sendo realizadas em escritórios, na tentativa de se tornarem ecológicos, são apenas uma gota no oceano.

É claro que somente reduzindo as emissões de energia as empresas serão capazes de minimizar sua pegada de carbono, e isso é algo em que cada vez mais líderes empresariais estão começando a pensar seriamente.

FAZENDO A DIFERENÇA

Como muitas empresas já fizeram o máximo que puderam para reduzir seu uso geral de energia, a mudança para a energia renovável apresenta a melhor e mais abrangente maneira de reduzir as emissões sem comprometer o desempenho, além de adicionar reduções significativas de custo. Embora descobrir como aproveitar o poder da energia renovável para atingir as metas de redução de emissões possa parecer uma tarefa difícil, a boa notícia é que os líderes empresariais não precisam se tornar especialistas em abastecimento de energia para fazer isso.

Na Atlas Renewable Energy, estamos começando a ouvir um número crescente de empresas que estão comprometidas em fazer uma diferença real em sua pegada de carbono. Também não são apenas os suspeitos do costume nas indústrias mais poluentes: empresas de todos os setores em toda a América Latina, do varejo e manufatura à indústria pesada e além, sabem que precisam fazer mais em sustentabilidade. A região ainda tem um longo caminho a percorrer, mas acreditamos que a maré está mudando, à medida que mais líderes empresariais despertam para a necessidade de tomar medidas reais em prol da sustentabilidade corporativa. A sua empresa está pronta para dar o próximo passo?

Na Atlas Renewable Energy, assinamos recentemente um acordo de compra de energia renovável com a subsidiária brasileira da gigante americana de ciência dos materiais Dow. Este acordo histórico estabelece a estrutura para que as empresas químicas em toda a América Latina alcancem seus objetivos ambientais, ao mesmo tempo em que reduzem os custos de energia. Neste artigo, analisamos mais de perto o que torna este projeto tão inovador.

Como a maioria das empresas industriais, há muito tempo a Dow procura reduzir as implicações ambientais e de custos de suas atividades intensivas em energia. Sua posição de liderança como fornecedor de produtos químicos, plásticos, fibras sintéticas e produtos agrícolas, também significa que ela é um dos maiores consumidores de energia industrial do mundo.

No passado, a Dow utilizou energia de rede e combustíveis fósseis para alimentar suas usinas, mas como a energia renovável se tornou mais competitiva e disponível nos últimos anos, ela começou a repensar seu portfólio de energia, estabelecendo uma meta difícil, que consiste em suprir 750 MW de sua demanda de energia com energias renováveis até 2025, e alcançar neutralidade de carbono até 2050.

Para ajudar a atingir este ambicioso objetivo, a empresa fez uma parceria com a Atlas para fornecer energia limpa ao seu complexo Aratu no Brasil, a maior fábrica da Dow no país.

Este acordo pioneiro não só evita aproximadamente 35.000 toneladas métricas de emissões de CO2 por ano – o equivalente a tirar cerca de 36.800 carros das ruas de São Paulo – mas lança também as bases para que o resto da indústria química latino-americana aproveite os benefícios da energia renovável para alcançar as metas de mitigação da mudança climática, ao mesmo tempo em que mantém os preços estáveis da energia a longo prazo.

CRIANDO EFICIÊNCIAS

Sob o contrato de 15 anos de compra de energia, forneceremos à Dow a energia limpa de nosso projeto solar Jacaranda de 187MWp, localizado no município de Juazeiro, no estado da Bahia. A usina gerará 440GWh por ano, o que é suficiente para fornecer energia a uma cidade com mais de 750.000 habitantes, permitindo que a Dow se aproxime de suas metas de fornecimento de energia renovável.

Um dos principais problemas com a energia solar é a intermitência – o sol não brilha 24 horas por dia. Como a Dow precisa de energia o dia todo, a Atlas vai trocar energia de Jacarandá com outros fornecedores de energia renovável, para garantir um fornecimento de ciclo completo. Essencialmente, ao empacotar nossa energia solar com fontes renováveis adicionais que estão disponíveis no mercado, tornamos possível para a Dow suprir todas as suas necessidades de energia com energias renováveis e não apenas suas necessidades diurnas. É a primeira vez que isso é feito no Brasil e abre oportunidades para empresas que podem ter sido dissuadidas do uso de renováveis devido ao seu perfil de demanda de energia elétrica.

Como um grande usuário de energia, a eletricidade é responsável por uma proporção enorme dos custos fixos da Dow, e mesmo o menor aumento, pode ter um enorme impacto em seus resultados. Para lidar com isso, a Atlas incorporou uma série de medidas de aumento de eficiência. 

A primeira são os módulos bifaciais utilizados na planta, que podem proporcionar um ganho de geração de energia de até 9% sobre painéis faciais mono equivalentes, reduzindo o uso do solo para a mesma quantidade de eletricidade. Em segundo lugar, o projeto está sendo conectado à subestação digital da Atlas, o que melhora a controlabilidade e a confiabilidade, otimizando os custos. Mas a eficiência não pára por aí: também implementamos uma estrutura única de financiamento em dólares americanos, que criou uma cobertura natural de moeda.

FALANDO A MESMA LÍNGUA

Ao selecionar um parceiro para ajudá-la a atingir seus objetivos, a Dow estava procurando uma empresa com os mesmos valores. É por isso que, além de energia limpa e preços favoráveis como parte do Atlas Green Finance Framework – nosso compromisso de desenvolver projetos que protejam e preservem o meio ambiente – também incorporamos nossa assinatura de compromisso social. Na fábrica de Jacaranda, estamos oferecendo oportunidades à comunidade local que promovem a diversidade e a inclusão dentro do processo de contratação da obra. Para fazer isto – e fazer isto bem – trouxemos ONGs e autoridades locais para nos ajudar a fornecer treinamento em campos especializados às mulheres locais, e estamos incentivando nossos empreiteiros locais a priorizar pessoas de origem minoritária em seus processos de contratação.

UM PARCEIRO CONFIÁVEL E CAPAZ

Conseguir tudo isso durante a turbulência e a agitação que 2020 trouxe ao mundo, não foi uma proeza sem importância. Trabalhamos muito para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores em nossas instalações porque sabemos como a energia renovável é importante para a recuperação da economia da América Latina pós-Covid19. Como resultado, nossa capacidade operacional, nossa execução e nossa velocidade de fechamento têm permanecido ótimas.

Temos sido capazes de fazer tudo isso porque não somos novatos nisto. Já temos quatro projetos em operação no Brasil e vários outros em toda a região. Todos eles foram entregues dentro do prazo e do orçamento, o que reforçou nossa reputação entre financiadores e parceiros. Por causa disso, apesar do difícil cenário econômico e financeiro, estamos na posição privilegiada de poder negociar condições favoráveis de financiamento – o que se traduz em economia de custos que podemos repassar aos nossos clientes.

O INÍCIO DE UMA TENDÊNCIA

Na América Latina, a energia renovável já é tão acessível quanto – se não mais barata do que – as fontes tradicionais. Este Acordo de Compra de Energia Corporativa, que alavanca a inovação financeira, operacional e tecnológica, torna possível aos grandes consumidores de energia na indústria química, entre outras,  a dar um enorme passo para alcançar suas metas de redução de emissões de carbono, ao mesmo tempo em que ganham visibilidade real sobre seus custos de energia a longo prazo.

Estamos vendo um número crescente de consultas deste tipo de empresas, e continuamos a encontrar soluções competitivas para elas. A indústria de mineração já aceitou a proposta – desde a fábrica da Atlas em Casablanca, que fornecerá energia limpa para a gigante mineradora Anglo American no Brasil, até nossa fábrica Javiera no Chile, que já alimenta uma mina de cobre. Nosso acordo com a Dow mostra o quanto podemos alcançar quando dois líderes em seus respectivos campos se reúnem. Acreditamos que ele abre o caminho agora para a indústria química se juntar à revolução da energia verde por toda a região.