Conversando com a Atlas – como lidar com a intermitência em energias renováveis
A natureza das energias renováveis exige uma abordagem diversificada para a produção, armazenamento e consumo de energia. Entretanto, a grande maioria dos grandes usuários de energia seguem desejando buscar uma solução única.
O foco da Atlas em contratos de compra de energia sob medida (PPAs) é guiado pelo entendimento de que os esforços de energia renovável são mais bem sucedidos quando incorporam uma variedade de recursos e métodos de armazenamento e distribuição.
Em um sistema que não é de “tamanho único”, dar o passo para um fornecimento de eletricidade renovável, limpa e verde pode apresentar um desafio para as empresas que estão procurando cada vez mais ir além dos 100% de energia renovável para a energia verde 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Nesta área em constante evolução, é importante que grandes compradores de energia trabalhem com fornecedores que assumam as avaliações e análises de risco necessárias e que busquem posicionar-se na vanguarda dos desenvolvimentos tecnológicos. Em última análise, o objetivo é construir um relacionamento colaborativo de longo prazo que mantenha os clientes na vanguarda das opções de energia renovável.
O Diretor Comercial da Atlas, Renato Valdivia, nos conduz através dessas questões e muito mais em nossa entrevista abaixo:
P: Como se apresenta a questão da intermitência em suas discussões com clientes em potencial?
R: Percebemos que a principal preocupação dos clientes em potencial com grandes necessidades de energia elétrica renovável 24 horas por dia, 7 dias por semana, que procuram absorver energia solar e eólica em seu PPA geral, é encontrar uma solução única que resolva todas as suas necessidades de energia elétrica.
Pela própria natureza de como a energia renovável funciona – afinal, há dias em que o sol não está brilhando, ou o vento não está soprando – há uma necessidade inerente de gerenciamento de riscos. No entanto, é importante lembrar que os mercados de energia têm dois níveis: Existe o nível físico de produção de energia, que é onde experimentamos a questão da intermitência, e existe o nível financeiro. Quando falamos sobre o nível financeiro, estamos nos referindo aos instrumentos financeiros que se sobrepõem aos PPAs.
Os instrumentos financeiros percorrem um longo caminho para mediar os riscos de intermitência – e um PPA sempre definirá como os riscos são atribuídos, de acordo com as obrigações de entrega – os próprios fornecedores de energia renovável, como a Atlas, estão evoluindo para lidar com a questão da intermitência ao fazer a transição para uma abordagem de portfólio que permite oferecer aos clientes uma combinação de ativos de energia adaptados para atender às suas necessidades específicas de energia.
Um exemplo é o recente PPA que a Atlas estabeleceu com a Enel, que aproveita a energia eólica de três locais diferentes no Chile para garantir uma produção constante de energia. Os PPAs em portfólio também podem incluir uma combinação de diferentes fontes de energia, bem como o armazenamento em baterias. Esse é cada vez mais o paradigma pelo qual a Atlas opera.
P: Como exatamente esse tipo de portfólio é estruturado?
R: Para poder fazer isso, você precisa de recursos analíticos e ferramentas de gerenciamento de risco muito sólidas. Embora tudo possa parecer bom conforme o esperado, é necessário avançar para a análise de risco, para levar em consideração a variabilidade natural do nosso negócio. Essa variabilidade pode ser na forma de padrões de vento ou mudanças nos preços da rede elétrica. A demanda do cliente ou as condições da rede também podem mudar. Todos esses fatores precisam ser modelados para se obter uma boa avaliação sobre a eficiência com que seus ativos são capazes de entregar e como, atuando como um fornecedor de energia, você vai gerir a exposição excepcional para que possa fornecer aos clientes o que eles estão procurando em um nível de risco razoável para você, como gerador, e a um preço razoável para eles.
Essencialmente, torna-se fundamental evoluir sua sofisticação comercial e de risco como empresa. Nesse sentido, a Atlas está operando a partir de uma ordem de magnitude mais complexa, onde queremos integrar o conceito de gestão de riscos e intermitência dentro de uma compreensão mais flexível e diversificada sobre como atingir verdadeiramente as metas de energia limpa.
P: Falando em metas energéticas, muitas empresas dependem de certificados de atributos de energia, como I-RECs, como uma forma de fazer reivindicações de energia elétrica renovável. Esta ainda é uma opção válida?
R: Ainda é uma opção válida, mas na última década, vimos que as corporações – especialmente no âmbito tecnológico – estão indo um passo adiante. Por exemplo, Google, Microsoft e, mais recentemente, o Departamento de Defesa dos EUA aderiram a uma iniciativa que promete não apenas energia 100% renovável, mas também energia limpa 24 horas por dia, 7 dias por semana.
É importante notar a diferença porque uma meta de 100% de energia renovável pode levar você a adquirir um PPA que inclua apenas energia solar, por exemplo, porque essa pode ser a opção mais barata – mas se sua meta for atingir 100% de energia limpa, então isso lhe dá o incentivo para adquirir um PPA que inclua energia eólica, ou PPAs que são apoiados pelo armazenamento em baterias e outras tecnologias que lhe permitam receber energia limpa, mesmo nas horas ou dias em que os recursos renováveis são mais escassos.
P: O armazenamento em baterias é frequentemente visto como uma maneira óbvia de resolver os problemas de intermitência. A tecnologia atual já está no nível em que possibilita que as baterias funcionem como uma opção viável de armazenamento?
R: As baterias passaram por uma incrível evolução tecnológica e redução de custos nos últimos cinco anos. Essa tecnologia já está disponível? Ainda está melhorando, mas já está disponível, e à medida que mais investimentos fluírem para esta área, começaremos a ver ainda mais inovações e reduções de custos.
Um benefício adicional das baterias é que elas servem para estabilizar a rede. Às vezes tem-se um grande fluxo de energias solares e eólicas nos mercados de energia, dado que essas são tecnologias variáveis, e ter uma certa quantidade de bateria ou capacidade de armazenamento na rede ajuda a reduzir a volatilidade, o que, em última análise, agrega valor.
Entretanto, é importante ressaltar que as baterias não são uma solução abrangente. Se o objetivo é alcançar 100% de energia renovável ou 100% de energia elétrica limpa, devemos ver o papel que desempenham as baterias apenas como um complemento, embora muito importante.
Padrões sazonais exigem soluções inovadoras e o caminho para energia 100% renovável e limpa é fundamentalmente encontrar maneiras de aproveitar e distribuir energia através dos métodos mais ecológicos e econômicos. Isso exclui inerentemente uma solução única.
Em última análise, nunca será apenas energia solar ou apenas energia eólica. Claro que, a parte mais interessante, é que estamos no processo de descoberta. Novos produtos químicos e tecnologias estão constantemente surgindo, mas o resultado final é que não basta apenas energia solar, eólica e baterias: tem que haver outra coisa. Portanto, enquanto continuamos implantando e nos esforçando para investir mais em energia solar, eólica e baterias, também precisamos continuar financiando as startups que possam fornecer as soluções que nos levarão até o final e não apenas a 80% ou 90% do caminho.
P: É precisamente a busca por novas soluções que leva a Atlas a novas parcerias e colaborações, como sua parceria mais recente com a Hitachi ABB Power Grids. Você poderia compartilhar algumas ideias sobre o que você aprendeu trabalhando junto com a ABB?
R: A ABB tem sido uma grande parceira ajudando a Atlas a impulsionar nosso know-how sobre soluções de baterias que complementam nossos PPAs. Aprendemos muito sobre a variedade de tecnologias que estão disponíveis.
Do lado de fora, é fácil agrupar a ideia de armazenamento em baterias como um conceito único. Mas há uma gama de tecnologias, e é importante distinguir quais são as mais adequadas para as diferentes aplicações. Para isso, os clientes devem ter uma compreensão detalhada de seu caso de negócios.
Por exemplo, você pode querer que seu PPA transfira a energia das horas de sol para as horas de pico – e há certas baterias que são projetadas para fazer isso. Há também a opção de escolher entre baterias solares de Corrente Alternada (CA) ou Corrente Contínua (CC), ambas com uma gama de implicações em termos de custo, mas também na flexibilidade que você tem para operar na rede.
Com tantas opções disponíveis e mais a caminho, é definitivamente uma área complexa, mas altamente interessante e dinâmica. Penso que o mais importante a ser tirado de tudo isso é a necessidade de trabalhar com empresas experientes que estejam preparadas para aproveitar todas essas tecnologias e fornecer aos clientes uma gama de ferramentas para atuar no mercado de energia.
P: Com sua estratégia atual, a Atlas garante atender a todas e quaisquer exigências de grandes clientes de energia?
A: Eu adoraria poder dizer sim, mas a realidade é mais complexa. Nem sempre haverá um único gerador que possa resolver todas as necessidades de um cliente, se essas necessidades forem muito complexas. Estou me referindo a usuários de energia com perfis de carga incomuns, por exemplo – embora estes sejam muito raros. Mas, eu diria que, na maioria dos casos, podemos projetar soluções que resolvam boa parte das necessidades de energia elétrica e metas de sustentabilidade de qualquer cliente.
Para clientes com um grande perfil de carga, meu conselho seria comparar preços e adquirir energia pesquisando as opções. É preciso ver o que a gama de potenciais fornecedores pode oferecer. Sempre o encorajaria a conversar com a Atlas. Creio que provamos pelo nosso histórico de soluções inovadoras em diferentes mercados e pelos prêmios que recebemos, que não temos medo de pensar de forma criativa, fora do usual. Nossos clientes vêm de uma ampla variedade de setores, com necessidades de energia elétrica muito diferentes, desde grandes empresas de serviços públicos até o setor de produtos químicos, empresas de mineração e provedores de serviços de TI. Acima de tudo, estamos prontos para fazer um esforço adicional para entregar aos nossos clientes as soluções que eles estão procurando.
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